Bentinho,
Estar com você é me deparar com pinturas rupestres que me reduzem apenas a suposições. És diferente de todos; existe areia em seus cílios e gânglios, flores invisíveis nos cabelos, na qual beija-flores imaginários se alimentam sobre. Se brincar, até seu pau é uma varinha mágica, e esses olhos etéreos, um buraco negro.
I know I don't need to be fixed. I don't have to see the world the way you see, and I definitly know I'm not the one you see. Have you ever thought that maybe your eyes are sick? Maybe I was someone beautiful inside, but now I know I'm not. And I don't blame myself. I blame all the times I had to hear that I need a fix, when I didn't. All the times I silently begged for love, and no one noticed. I blame all the screams that I slept with it in my head. I blame the times when I prayed to God to save me, and everything only got worse. If you think I am selfish, coward, for doing this, this message is for you. I am doing this cause no one loves me, except me. And self love is not about clothes or sex, is making yourself happy. I know I deserve it.
You aren't sorry, you're just curious, or intrigued.
Eu suplico a uma energia que ainda não sinto no meu coração, que me cure. Que salve a criança interior que sangra e está sozinha. Musa, dê uma continuação para minha história, não permita que eu vá e que minha alma se entregue. Deixa que eu viva eternamente no sorriso de meu pai, nos cosmos, em um texto que comova até o último ser que respire.
Que eu seja feliz...
Dear John,
We all know we don't know anyone, we don't know anything. The only thing we can truly know is ourselves, and self knowing is powerful. I believe with my open heart, that everything that was created by God is full of love, is pure love.
Let's see ourselves beyond the looks, beyong other people's opinion; let's be true to ourselves, please.
I can garantee you that you are the love of your own life. And this way, you are never alone. You've got the only human that you need.

Querido John,

És minha energia libertadora de mim mesma, meu absurdo, a essência que não me guia e que cega, como uma doença que não mata, mas que me obriga a carregá-la por aí. Afasta as outras pessoas, e faz com que eu esqueça quem, afinal, eu era antes de contraí-la, porque agora a impressão que dá é que nada sou sem ela, pois mesmo quem sente dor na ponta do cabelo sabe que tudo sente essa perda de função.
Eu sinto.
E não conheço nada, a não ser a dor. Não dor de ponta do cabelo, mas dor de não saber o que estou fazendo aqui, e o medo do inferno de partir e não descobrir.
Sempre fui incompetente, tenho quase certeza de que isso vai acontecer.
Eu só espero abandoná-lo junto ao meu corpo inexpressivo.
Não é que uma hora eu goste de roxo
E na outra prefira azul
Eu sei que às vezes não pareço a mesma pessoa
Mas talvez eu seja todas elas

E talvez isso seja algo maravilhoso
Você só não sabe disso ainda

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Eu espero que, um dia, quem eu amo aprenda a amar-se como eu amo, e a se ver como eu os vejo. Que um dia eles se deem conta que há areia e cheiro de mar em seus cílios e abaixo das unhas, que seus corações também refletem a luz do sol e que às vezes cega. Eu espero que eles não morram sem antes ver as abelhas confundirem seus cabelos com flor.
E daqui a vinte anos, eu não tenho a menor ideia do que pode acontecer. Mas eu sei que não vou me lembrar desse dia; vou deitar a cabeça no travesseiro hoje com hormônios e nervos me adoecendo, e vou ignorar tudo com um semblante derrotado e o coração um pouco menor. Sei que embora seja duro e sério, eu vou seguir em frente, e que tudo some no meu riso, porque ele é tão intenso quanto qualquer trauma.
É engraçado, o que é bom se exterioriza, enquanto o que nos consome sem que queiramos só tende a se interiorizar cada vez mais.

Estou sentindo falta de algo ou alguém e acho que a ansiedade foi tanta que eu até esqueci o que era

Querido John,
O mal do século é a rotina irremediável, as residências fixas e as barreiras intransponíveis, que se repetem a cada milímetro, pois estamos tão entranhados nessas coisas quanto em nossos próprios ossos.
(Qualquer tipo de prisão é abominável, e me enoja)
Querido John,
Eu disse a ela que não subestimasse minhas fontes de distração. Que, na verdade, o que eu tenho de mais essencial não pode ser tirado à força, que enquanto eu tiver papel e caneta em meu poder, qualquer punição será inútil.
E menti.